Monthly Archives: Junho 2016

Produção científica no setor das Artes e da Cultura: Contributos do FIGAC 2016

É com imensa satisfação que a Área Científica de Artes, Design e Humanidades, através da Comissão Organizadora liderada pelo Prof. Doutor Manuel Gama, apoia a realização de mais um Fórum Internacional de Gestão Artística e Cultural – FIGAC.

Este evento insere-se no âmbito da Licenciatura em Gestão Artística e Cultural e tem por objetivo promover a partilha de conhecimentos na área da gestão cultural. Na sua sétima edição, o FIGAC irá abordar a formação e a profissionalização, temática essa que merece destaque na medida em que a formação em gestão cultural é bastante recente em Portugal. A gestão cultural é, por isso, uma profissão relativamente nova e complexa que está em pleno processo de construção.

Momentos de diálogo e reflexão como este, proporcionado pelo FIGAC, contribuem não só para o enriquecimento da discussão da atual formação e profissionalização do gestor cultural, a nível nacional e internacional, mas, também, para a promoção de produção científica dos docentes afetos a esta área científica.

A todos os que têm contribuído, ao longo do tempo, para o sucesso do FIGAC, um grande e profundo agradecimento.

 

Maria José Costa Barros

Coordenadora da Área Científica de Artes, Design e Humanidades do IPVC

Nota de Abertura

A Escola Superior de Educação tem o prazer e a enorme honra de mais uma vez acolher o VII Fórum Internacional de Gestão Artística e Cultural, este ano de 2016, subordinado ao tema: Gestão Cultural: Formação e Profissionalização.
Este Fórum ao longo das sucessivas edições tem vindo a ganhar um prestígio assinalável e uma dimensão que ultrapassa o espaço nacional, constituindo-se como um evento científico e cultural de incontornável interesse para investigadores, professores, alunos e profissionais do setor. Inserido também numa lógica de formação dos estudantes que cursam a licenciatura de Gestão Artística e Cultural, o FIGAC, pelo caráter de envolvimento dos estudantes na sua conceptualização, planeamento, organização e intervenção, constitui também um espaço e um tempo de aprendizagens significativas, um marco de referência no processo de formação e um instrumento insubstituível para as suas futuras vidas profissionais.
Desejamos, ainda, que este evento seja um espaço de reflexão, discussão e de construção de uma plataforma de intercambio de conhecimentos, onde a troca de ideias e experiencias, possa reforçar os laços que fazem progredir a investigação e intervenção nas áreas da cultura e das artes. Que seja também um espaço e um momento que nos permita compreender melhor o que fazemos e levarmos para a frente o nosso desejo de formar uma sociedade que preserve na sua essência o respeito pelo “Homem” e pelas suas dimensões artísticas, sociais e culturais.
Um agradecimento e uma felicitação muito particular a todos que contribuíram para esta realidade.
Bem hajam.
César Sá
Diretor da Escola Superior de Educação do IPVC

Primeiros Contributos para o FIGAC 2016

O Fórum Internacional de Gestão Artística e Cultural – FIGAC – é um evento científico e cultural que se realiza na região Norte de Portugal desde o ano de 2010 no âmbito do curso de licenciatura em Gestão Artística e Cultural do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC).
O FIGAC visa promover o diálogo e a reflexão sobre aspetos relacionados com a gestão cultural contemporânea a nível nacional e internacional, e, a médio prazo, pretende constituir-se como um espaço de referência no que concerne à divulgação de boas práticas e à promoção da discussão e da produção científicas sobre temas relacionados com a gestão cultural contemporânea.
Ao longo das seis primeiras edições do FIGAC, os alunos finalistas do curso de licenciatura em Gestão Artística e Cultural promoveram e produziram, na região do Alto Minho, um conjunto de atividades muito diversificadas – ações de formação, conferências, debates, exposições, palestras, performances, residências artísticas –, que contaram com a participação de centenas de alunos, professores, investigadores e profissionais do setor cultural e criativo, nacionais e internacionais.
Numa altura em que a relevância da cultura para o desenvolvimento sustentável é reiteradamente sublinhada e em que é urgente recolocar a cultura no centro dos discursos políticos coerentes e consequentes, o FIGAC 2016 escolheu como tema “Gestão Cultural: Formação e Profissionalização”.
Em outubro de 2015 a Comissão Científica do FIGAC 2016 abriu uma chamada para comunicações que fossem contributos substantivos para a reflexão e intervenção no domínio da gestão cultural, nomeadamente no que concerne a aspetos relacionados com os seguintes tópicos: Genealogia da Gestão Cultural; Formação e Identidade Profissional do Gestor Cultural no Séc. XXI; Capacitação dos Profissionais do Sector Cultural e Criativo; Empregabilidade no Sector Cultural e Criativo; Mediação e Gestão Cultural; Cooperação e Internacionalização do Gestor Cultural. Das dezenas de propostas recebidas, foram selecionados 19 contributos, de 30 autores provenientes de 17 instituições de Portugal, Brasil e México.
“Primeiros Contributos para o FIGAC 2016” compila os resumos das comunicações que foram consideradas relevantes e pertinentes para integrar os cinco painéis temáticos do programa científico do VII FIGAC que decorrerá, nos dias 2 e 3 de junho de 2016, nas instalações do IPVC.
O primeiro painel – “Ferramentas Contemporâneas da Gestão Cultural” – vai começar com o contributo de Boanerges Balbino Lopes Filho, da Universidade Federal de Juiz de Fora do Brasil, no qual vai ser sublinhada a importância da Comunicação e da Cultura nas organizações do século XXI. Maria do Rosário Sousa, da Universidade Católica Portuguesa, parte de uma problemática muito concreta e atual: o papel que a gestão cultural pode ter na integração de comunidades migrantes. A autora defende que a gestão cultural pode potenciar o diálogo intercultural transformando a identidade e a diferença dos migrantes numa mais-valia na cultura dos países de acolhimento e, por isso, vai convocar diversos percursos pedagógico-didácticos interculturais e artísticos que podem ser úteis para a ação dos gestores culturais no século XXI. Diogo Oliveira, doutorando na Universidade de Vigo, vem falar-nos da importância das Licenças Creative Commons como instrumento legal para o Gestor Cultural. E o primeiro painel termina com um contributo da Universidade Autónoma Metropolitana do México: Rafael Esquivel Rosas vai falar-nos sobre a importância das redes sociais na gestão cultural contemporânea.
“Gestão Cultural e Desenvolvimento” é o tema do segundo painel. O painel vai iniciar-se com a comunicação de Madina Ziganshina, artista plástica, e de José Pedro Barbosa Gonçalves de Bessa, docente da Universidade de Aveiro, que vão apresentar o projecto ART-MAP que foi desenvolvido em Aveiro e que reuniu 111 artistas de 25 países diferentes. Segue-se Carla Costa, doutoranda no Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes da Universidade Católica Portuguesa, que vai partilhar a sua procura de uma metodologia que permita determinar intervenções adequadas a implementar sobre o património cultural de um território de forma a potenciar o desenvolvimento cultural, social e económico. O contributo de Isabel Jantarada é uma parte da investigação que está a realizar no âmbito do mestrado em Gestão Artística e Cultural no IPVC sobre a “Recriação Histórica da Citânia de Briteiros – Citânia Viva”. Segundo a mestranda as recriações históricas têm aumentado nos últimos anos e constituem um importante contributo para o desenvolvimento regional. A última comunicação deste painel vai ser de Maria do Rosário da Silva Santana e de Helena Santana, da Unidade de Investigação para o Desenvolvimento do Interior da Universidade de Aveiro, que, partindo da premissa de que a animação sociocultural pode concorrer para a transformação de grupos sociais em motores de desenvolvimento social, cultural e territorial, pretendem com a sua participação no painel sublinhar a perceção da contribuição destes agentes para a eficácia da gestão cultural e social.
Explicita ou implicitamente, a cooperação, que foi o tema do FIGAC 2015, é o denominador comum das quatro comunicações do terceiro painel. Jorge Brandão Pereira da Escola Superior de Design do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave e Heitor Alvelos na Universidade do Porto, vão apresentar-nos um conjunto de casos práticos que nos vão permitir perceber algumas das relações entre design, criatividade e o território. Susana Marques, da Fundação Museu do Douro, apresentará a Rede de Museus do Douro, que nasceu no ano de 2007 fruto da necessidade de congregar estruturas com tutelas diferenciadas em torno de um projeto cultural comum, mas que demorou oito anos a tornar-se uma verdadeira rede, inclusiva e ilustrativa da realidade da Região Demarcada do Douro. Bruno Costa, Luís Teixeira e Mariana Barbosa, da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa, abordarão a autopromoção, os agentes de representação públicos e privados e as redes de cooperação, como mecanismos de internacionalização de projetos artísticos, no caso específico das Artes de Rua, sendo, segundo os autores, as últimas se revelam as estruturas mais fortes ao nível da representação de programadores e estruturas. Fernanda Souza Pinheiro e Manuel Gama, da Escola Superior de Educação de Viana do Castelo e do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, vão encerrar o painel sobre a temática da “Gestão Cultural e Cooperação” com uma comunicação, que se insere numa investigação em curso no âmbito do curso de mestrado em Gestão Artística e Cultural do IPVC, onde vão ser apresentados alguns dados preliminares da presença de organizações portuguesas nos projetos de Cooperação Europeia do Subprograma Cultura do Programa Europa Criativa.
“Criatividade e Profissionalização na Gestão Cultural” é o tema do quarto painel do FIGAC 2016. O painel começará com uma comunicação de Noé Aço, presidente da AISCA – Associação de Intervenção Social, Cultural e Artística, na qual vai ser possível observar a criatividade e o modelo de gestão que esteve na base da criação e desenvolvimento da AISCA. “Mediação Cultural: Reflexões e Conexões entre memórias, “devaneios”, histórias e fantasias no espaço expositivo” é o tema da comunicação que se segue e cujos autores são a Rita Chaves Fonseca, a Sandra Tanajura Moreira Galeffi, a Maria Estela Lage e o Luís Gustavo, que vêm em representação da Universidade Federal da Bahia. Ana Laura Pinheiro Cruz, mestre pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa do Instituto Universitário de Lisboa, será a responsável pela terceira comunicação do painel na qual se vai apresentar o exemplo do Festival Alkantara para ilustrar os impactos que a recente crise financeira portuguesa teve no setor das artes performativas. Rebeca Sousa, doutoranda na Universidade do Minho, encerrará o painel com a apresentação da experiência do Curso de Extensão para Formação de Gestores Culturais da Paraíba que ocorreu entre agosto de 2013 e março de 2014.
No último painel da VII Edição do FIGAC vai discutir-se a “Formação e a Identidade Profissional do Gestor Cultural” a partir dos seguintes contributos: “(Tans)formação na Gestão Cultural”, de Cristiano Carvalho dos Santos, do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa do Instituto Universitário de Lisboa; “Gestão Cultural, defesa de património cultural material e imaterial, e cidadania” de Maria da Conceição Pitta Azinhais Mendes, da Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa, que pretende refletir sobre a formação de profissionais aptos a trabalhar nos vastos territórios que definem e suportam o conceito de património cultural e artístico; e de “Universidade do Estado do Amazonas: Cultura, Mediação e Formação Profissional”, de Valdemir de Oliveira e Maria Evany do Nascimento, da Universidade do Estado do Amazonas, que vão partilhar a experiência da recente aprovação do primeiro curso de especialização em gestão e produção cultural a ser ministrado na Universidade do Estado do Amazonas a partir do ano de 2016.
Para além deste conjunto de cinco painéis e das conferências de abertura e de encerramento, o programa científico da VII Edição do FIGAC integrará ainda uma mesa-redonda com os participantes na “Residência Artística: Artistas Emergentes Europeus” promovida no âmbito da programação cultural do FIGAC 2016.
A programação cultural do FIGAC 2016 terá, tal como no FIGAC 2015, como eixo principal uma Residência Artística Internacional que tem o objetivo de promover oportunidades para a mobilidade de artistas emergentes europeus e para a circulação das suas obras culturais e criativas.
A II Residência Artística do FIGAC vai decorrer em Viana do Castelo entre os dias 26 de maio e 3 de junho de 2016, e terá como finalidade a criação coletiva de um projeto artístico que será apresentado publicamente no dia 2 de junho de 2016. No âmbito da Residência Artística será ainda inaugurada uma exposição/instalação coletiva com um trabalho individual da autoria de cada um dos seis artistas participantes.
Com este programa, a Comissão Científica e a Comissão Organizadora do FIGAC 2016 esperam, mais uma vez, contribuir para que a cultura esteja no centro das atenções, para o diálogo e a reflexão sobre aspetos relacionados com a gestão cultural contemporânea a nível nacional e internacional, desta feita sobre “Gestão Cultural: Formação e a Profissionalização”.

Manuel Gama *
Coordenador da 7ª Edição do Fórum Internacional de Gestão Artística e Cultural
*Docente da ESE-IPVC; Investigador de Pós-doutoramento com o apoio da FCT (SFRH-BPD-101985-2014) no CECS-UM, na FCC-USC e na ECA-USP